Estou deitado no centro

vendo o tempo girar

sobre as agulhas das torres.

 

  E não há nada para mim aqui

porque não posso escutar a tua voz

entre a imensa multitude.

 

  E não quero a nenhuma destas pessoas,

só voltar a estar em guerra contigo.

 

  Sei com os olhos fechados

que não vou encontrar nada

à tua altura na vida.

 

  As mulheres pousam em mim os seus olhos

como faz um velho mecânico

com um desportivo roto.

 

  Às vezes dizem que estou ausente,

eu não sei se remetê-las a ti.

 

  Às vezes mesmo eu

tento recuperar o que perdi contigo.

 

  Voltar a ver-te,

encontrar-me nos teus olhos.

 

  Recuperar de ti a minha vida.

 

  Liberar-te da carga.

 

  Então, tal vez só este namorado

de como era ao teu lado.

Quando ainda pensava

que o melhor estava por vir.

 

  Agora vejo formas nas nuvens

e começo a falar das coisas

um instante antes de que aconteçam,

como se me afetasse o futuro.

 

  Tal vez só precise escrever,

reconstruir as ruínas.

 

  Viver. Escrever. Repetir.

 

Bryant Park (New York)

visitor counter widget